As Impossibilidades Físicas do Pai Natal

As Impossibilidades Físicas do Pai Natal

Num momento de feliz inspiração, Linda Harden – então estudante em Astrofísica e Astronomia – resolveu provar que o Pai Natal não existe.

O texto terá sido escrito em meados da década de 90, ainda Linda Harden usava o pseudónimo The Human Neutrino, mas perdura até hoje.

Em primeiro lugar, ela constatou o óbvio: nenhuma rena pode voar, embora tenha concedido que, das 300 mil espécies desconhecidas que se calculam existir, a rena voadora podia ser uma delas.

Depois, fez uns quantos cálculos.

E os números não mentem,

Na Terra, estimou, há cerca de dois mil milhões de indivíduos com menos de 18 anos. No entanto, dado que o Pai Natal não visita crianças muçulmanas, hindus, judias ou budistas, o volume de trabalho numa única noite de Natal reduz-se a 15 por cento do total: 378 milhões.

Assim, se contarmos uma média de 3,5 crianças por casa, temos 100 milhões de casas para o Pai Natal visitar. Nem todas possuem chaminé, mas por agora deixamos essas pormenores de lado.

As Impossibilidades Físicas do Pai Natal

Vamos supor, prosseguiu Linda, que pelo menos uma criança em cada casa deve-se ter portado bem.

Ora, o Pai Natal dispõe de cerca de 31 horas de trabalho numa noite de Natal – isto porque é preciso considerar a existência de diversos fusos horários, a rotação da Terra e a presunção de que o senhor viaja de Leste para Oeste.

Tal equivale, calculou Linda, a quase 900 visitas por segundo.

O que os cálculos demonstram é avassalador: para cada lar cristão com uma criança bem comportada, o velhote gorducho dispõe de um milésimo de segundo para estacionar o trenó, sair, descer pela chaminé, encher as meias com as prendas, distribuir o resto dos presentes junto da árvore de natal, voltar a subir a chaminé, saltar para o trenó e dirigir-se para a casa seguinte.

Apenas por hipótese académica, vamos supor que essas 100 milhões de paragens estão uniformemente distribuídas à superfície da Terra: teremos de contar com cerca de 1,4 km por trajeto, significando por isso uma viagem total de mais de 150 milhões de quilómetros.

Isto partindo do princípio de que não haverá desvios ou paragens para comer ou fazer o que qualquer um de nós tem de fazer ao fim de 31 horas, como acrescentou a bem humorada Linda.

Tudo somado, o trenó tem que se deslocar a 1170 quilómetros por segundo, ou seja, 3000 vezes a velocidade do som. O veículo mais rápido fabricado pelo homem não vai além dos 50 quilómetros por segundo; uma rena consegue correr a 30 por hora.

O Pai Natal está feito ao bife
Mas não é só um problema de tempo que o Pai Natal deve enfrentar, pois a carga útil do trenó também é um elemento interessante destes cálculos.

Vamos por isso supor, escreveu Linda, que cada criança recebe o equivalente a uma caixa de Legos média (mais ou menos um quilo): o trenó tem de suportar mais de 500 mil toneladas, sem contar com o peso do gordinho.

Em terra, uma rena convencional – daquelas que não voam – não consegue puxar mais de 150 quilos. Mas como as renas do Pai Natal são do tipo voador, vamos supor que têm um desempenho dez vezes superior.

Neste caso, o Pai Natal não conseguirá cumprir a sua missão com 10 animais; precisará de 300 mil, o que vem aumentar a carga útil em mais de 54 mil toneladas.

Ora, 500 mil toneladas a viajar a 1170 quilómetros por segundo produzem uma enorme resistência do ar, provocando um aquecimento das renas à maneira de uma nave espacial entrando na atmosfera terrestre.

Só as duas renas da frente teriam de absorver, cada uma, a energia de 14 300 milhões de joules por segundo.

Os pobres animais entrariam quase instantaneamente em combustão, colocando em risco as duas renas seguintes.

O rebanho de renas vaporizar-se-ia em 4,26 milésimos de segundo, isto é, o tempo que o Pai Natal necessitaria para chegar à quinta casa.

Mas não é tudo, avisa Linda.

Ao passar de forma instantânea de uma velocidade zero para 1170 quilómetros por segundo, o Pai Natal sujeitar-se-ia a uma aceleração tremenda.

Um Pai Natal com, vá lá, 125 quilos de peso seria esmagado contra o fundo do trenó por uma força de 2.157.500 quilogramas-força, reduzindo-lhe instantaneamente os ossos e os órgãos a uma pequena massa pastosa.

Portanto, conclui Linda, se o Pai Natal alguma vez existiu, por esta altura já deve ter morrido.